18/02/09

Essência AnimaClub!!!E porque para lá caminhámos...Rápido...

Que estão a ver, Sras. Enfermeiras, que estão a ver?
Que estão a pensar, quando olham para mim, quando olham para este meu ser?
Estão a ver, decerto, uma velhota rabugenta, sem sabedoria,
Insegura, com um olhar longínquo, sem sinal de vida,
Que enrola a comida na boca e se baba, não dando resposta nenhuma
Quando lhe pede em voz alta: "Tente, por favor, comer só uma";
Que não parece notar o que faz por ela,
E que está sempre a perder a meia ou o sapato dela.
Que sem resistir, por vezes resistindo, a deixa fazer aquilo que quer, assim
Ao dar-lhe o banho ou de comer, para preencher o dia que não tem fim.
É isto que está a pensar? É isto que está a ver?
É mesmo assim?
Então abra os olhos, Sra. Enfermeira, não está, na verdade, ao lhar para Mim.

Vou-lhe dizer quem eu sou, enquanto aqui estou, sentada e sossegada,
Enquanto faço as minhas necessidades ao seu mando,
Enquanto me alimento às suas ordens, consternada.

Fui uma criancinha de dez anos, com um pai e uma mãe,
Com irmãs e irmãos que se amam uns aos outros também;
Fui uma moça jovem de dezasseis anos, com asas nos pés,
Sonhando que muito em breve iria conhecer o meu amor,talvez...
Fui uma noiva de vinte anos prestes a casar, o meu coraçãos alta, a agir
Ao lembrar-me dos votos que prometi cumprir.
Agora, com vinte e cinco anos, tenho já filhos para eu amar,
Precisam de mim para construírem o seu feliz e seguro lar.
Fui uma mulher de trinta anos e os meus filhos a crescerem velozmente
Ligados uns aos outros com uma firmeza que haveria de durar;
Agora, aos quarenta, os meus filhos já cresceram e já partiram
Mas ao meu lado tenho o meu homem que me não deixa chorar.
Tenho agora cinquenta, de novo meninos brincam à volta dos meus joelhos,
O meu amor e eu de novo sentimos crianças junto destes velhos.
Mas agora estou envolvida numa triste escuridão, o meu marido está morto;

Olho para o futuro, arrepio-me de medo,












Pois os meus filhos, seus próprios filhos se encontram a criar,
E penso nos anos e no amor que há tanto tempo conheci de verdade.

Sou agora uma velhinha – a natureza é tão cruel:
Tem grande prazer tornar ridícula a velhice tão infiel:
Faz desagregar o corpo, faz desaparecer a graça e o vigor,
Agora existe uma pedra onde dantes tinha o coração cheio de amor
Mas dentro desta carcaça ainda habita uma moça jovem
O meu coração desgastado bate animado com esses tempos que o consomem.

Ao recordar-me das alegrias, ao lembrar-me das dores,
Sinto o amor de novo, e de novo vivo com todos os meus amores.
Os anos foram demasiado poucos e desapareceram demasiado pressados,
Acabo por aceitar esta realidade amarga, de nada para semprepoder durar.

Por isso, abram os vossos olhos, Sras. Enfermeiras, abram-nos,e vejam bem,
Não sou esta velhota rabugenta que pareço,
Olhem bem, mesmo bem – Vejam-me a Mim, que mereço!


Tradução gentilmente cedida por Dra Helen Santos Alves

1 comentário:

  1. frOnde já vi isto!!!
    Vivam os idosos, para la caminhamos espero que a Animaclub ainda cá esteja qd la chegar!!!!

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