01/04/10

Novo conceito: Doutrina da Mentira


“Não conheço ninguém que não minta, oculte ou dissimule algo para algum fim específico, pessoal ou institucional.
A mentira, bem ou mal, e a representação social que lhe anda associada, integra a nossa conduta em sociedade. Haverá sempre pessoas que dirão o que pensam em voz alta, sem temer consequências de nada nem de ninguém, mas essas pessoas também não deixarão de ocultar outros aspectos que lhe serão convenientes na sua relação com a sociedade ou com o Estado.
Só que por vezes a mentira converte-se numa arte, é nesse caso que se impõe maior precisão e rigor ao nível dos enunciados, das regras e das leis que a formatam.
Hoje Portugal, por variadas razões, que tem a ver com a conjuntura e a natureza da personalidade das pessoas que integram a chamada classe política, tem uma relação difícil com os factos, ou aquilo que, num dado momento, se convencionou designar verdade.
A sociedade portuguesa vive hoje uma tipologia de comportamentos que tendem a replicar falsificações políticas a grande cadência, cabendo ao aparelho judicial e aos media duas dessas grandes fontes de maledicência, intriga e fábrica de rumores que hoje faz carreira em Portugal.

Eis o clima cultural que se instalou entre nós, e percorre os circuitos do poder político, mediático e judicial actualmente em Portugal.
Um clima que já contagiou os meios económicos e a sociedade civil no seu conjunto e que não é gerador de confiança para ninguém, e bem sabemos como a economia gira em torno desse grande valor que é a CONFIANÇA - hoje inexistente entre nós.
Toda esta práxis sociopolítica em Portugal, de tão recorrente, já se tornou uma constante entre nós, daí começar a instaurar-se uma doutrina: a doutrina da mentira que é o instrumento intelectual capaz de racionalizar esse novo modus operandi, e não me reporto apenas aos circuítos do poder, que nos permite tipificar três grandes tipos de mentira entre nós, e a que a oposição, especialmente a "chefe de divisão" da actual direcção do maior partido da oposição, hoje de saída, recorre para fazer a sua política caseira.

A mentira por calúnia com vista a diminuir os méritos do homem público que acusa; a mentira por adição com o fito de os ampliar na sociedade; e a mentira por efeito de transladação - com o objectivo de transferir esses efeitos de uma situação ou personagem para outro.
Ou seja, a mentira é hoje uma praxis política muito generalizada entre nós, nuns casos decorre - não duma intencionalidade deliberada em querer prejudicar, mas porque a compressão do tempo não libertou energias (e tempo) para se avaliar os dados e formular correctamente os enunciados, sobretudo em matéria de estatísticas.

Todas estas derivas revelam que a mentira política entre nós começou a ter uma dignidade quase institucional que corresponde às artes, apenas faltando conceber para ela a categoria de sistema.

É esta novel condição que converte Portugal e os portugueses, especialmente de quem nos vê ou avalia a partir do exterior, numa espécie de sociedade de mentirosos, cabendo aqui um papel preponderante (e nocivo) aos media na disseminação - via fugas de informação pelo decadente sistema de justiça - que procura colocar à mesa de cada português que ainda têm a paciência de ler certos jornais, falsas notícias que outros (no seio do aparelho judicial, e pagas a peso de ouro) forjaram.

Infelizmente, chegámos a este ponto Zero da política, e se muitos portugueses não confiam hoje nos seus dirigentes políticos, estou plenamente convencido que confiam menos na oposição político-partidária existente assim como em alguns jornalistas de cano-esgoto que julgam estar a fazer história em Portugal.

(Fazendo destas palavras nossas…sem mentir!
http://macroscopio.blogspot.com/2010/02/tempos-cruzados-musica-politica-e.html)

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